Tenho saudades do tempo de infância tão humilde,
saudades do teu perfume que inebriava o dia,
mesmo quando o sol tímido teimava e não nascia.
Tenho saudades do teu semblante altivo e destemido,
da mulher que um dia foras e me guiaste a caminho...
Tenho saudades de tudo, das rusgas , do gargalhar,
do silêncio displicente, do frio do teu olhar.
Saudades tenho das horas que ao teu lado passar
foram quimeras da vida que já não podem voltar.
Resta o consolo funesto que vivi ao lado teu ,
foram dias de poesia , de fulgor , de magíca dolência.
Nada poderá roubar-me as memórias que são tuas,
que hoje jazem tão sombrias e já não andam nas ruas.
Tenho no peito memórias que comigo partirão,
quando um dia cerrar-me os olhos ao suplício final.
Dir-te-ei em brancas odes encontrei-te afinal...
Gilda Gonsales